Esta publicação objetiva contribuir para um debate crítico sobre o processo de conservação da biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro. O Estado, no contexto brasileiro, não somente abriga importantes remanescentes da Mata Atlântica, de importância global, mas representa também um dos principais pólos de desen­volvimento econômico do país. Nesse sentido, crescem no Estado investimentos vinculados e interesses e alcances distintos, envolvendo principalmente a indústria petrolífera, a construção civil e naval, apenas para citar alguns exemplos. Essa tendência está expressa no processo crescente de industrialização, no aumento do PIB (Produto Interno Bruto) e na representatividade do Estado na economia nacional. Neste cenário, o bioma Mata Atlântica encontra-se sob forte ameaça, resultante da dinâmica econômica em curso e de suas conseqüências sociais. Os parques nacionais, neste caso, constituem categorias de manejo essenciais e estratégicas sob a ótica das políticas públicas em curso e constituem a inspiração para este livro.

Este livro surgiu de um longo processo de reflexão sobre o tema da gestão das áreas protegidas, na perspectiva do compromisso de inclusão social, considerando como pressuposto a percepção de que a sociedade precisa estar engajada nos processos decisórios com relação à conservação da biodiversidade. Esta leitura tem sido resultado de inúmeros mergulhos teóricos, mas também empíricos na realidade brasileira. Uma realidade pulsante em contradições e oportunidades de inovação, no plano da construção de conhecimento crítico, mas também na afirmação de identidades, na perspectiva de reconhecimento do caleidoscópio de cores e sons de um país plural que demanda caminhos para uma ação transformadora no “religare” entre sociedade e natureza. Assim, este livro é fruto da necessidade de compartilhar reflexões, pensamentos, inquietações e experiências relacionadas à gestão da biodiversidade, com foco nas áreas protegidas e, entre elas, os parques nacionais do Estado do Rio de Janeiro.